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Prevent Senior: Pacto com gabinete paralelo de Bolsonaro exigia prescrição de remédios ineficazes contra a Covid-19

30/09/2021

Crédito: Roque de Sá/Agência Senado

Durante depoimento à CPI da Pandemia na terça-feira (28), a advogada Bruna Morato, que representa 12 médicos da Prevent Senior, detalhou ameaças aos profissionais e “pacto” do governo Bolsonaro com a operadora de saúde para promover medicamentos ineficazes contra a Covid-19.

Ao lado dos médicos que passaram por essa situação, a advogada elaborou um dossiê, formado por mais de 10 mil páginas, com denúncias sobre a Prevent Senior, que é acusada de prescrever o chamado “Kit Covid” sem o consentimento dos pacientes e ocultar mortes de vítimas da doença.

De acordo com a advogada, as primeiras denúncias envolvendo a Prevent começaram logo no início da pandemia, em março de 2020, quando médicos relataram que o plano de saúde não disponibilizava equipamentos de proteção individual (EPIs) para não “desesperar” e não preocupar os pacientes. Nessa época, um enfermeiro que tratava pacientes infectados e que não podia usar os equipamentos de proteção, morreu.

No fim de março, segundo Morato, foi iniciada a adoção do “Kit Covid”, formado por oito medicamentos, entre eles, hidroxicloroquina e ivermectina, remédios sem eficácia comprovada no tratamento da doença. Assim, a Prevent Senior entrou em contato com médicos do chamado “gabinete paralelo” – grupo que orientava Bolsonaro em questões ligadas à pandemia – e firmou um “pacto”, para que os médicos fossem aconselhados a incentivar os pacientes a não seguirem as medidas de isolamento, já que havia – na opinião deles – tratamento da doença.

Com a medida, o governo federal conseguiria evitar o lockdown. “O que eles falavam era em alinhamento ideológico. Tinha que dar esperança para as pessoas irem às ruas, e essa esperança tinha um nome: hidroxicloroquina”, declarou.

Ameaçados e sem autonomia

Bruna Morato também relatou que os médicos não tinham autonomia para rejeitar o protocolo definido pela Prevent Senior e eram ameaçados de demissão caso contrariassem a indicação. Caso não fossem demitidos, como punição, os profissionais eram repreendidos na frente dos colegas e tinham seus plantões reduzidos.

Segundo denúncias, apesar da hidroxicloroquina ser contraindicada para pacientes com problemas cardíacos, os profissionais eram obrigados a prescrever a medicação sem ao menos realizar eletrocardiograma. Além disso, os pacientes também assinavam um documento “genérico” sem saber que aquele era o termo de consentimento para uso da medicação.

“Chegou a um ponto tão lamentável, na minha opinião. Esse kit era composto por 8 itens. O plantonista dizia para o paciente: ‘Preciso te dar. Se eu não der, sou demitido. Se você for tomar, toma só as vitaminas e proteínas. Os outros [medicamentos], além de não terem eficácia, são muito perigosos'”, relatou Morato durante à CPI.

Mortes ocultadas

Sobre a denúncia já em processo de investigação pela CPI de que a Prevent Senior ocultou dados de pacientes que aderiram ao protocolo do “kit Covid” e acabaram morrendo, a advogada reforçou que o governo mentiu ao falar, publicamente, que nenhum paciente que tomou hidroxicloroquina morreu.

“Respondendo aos dados que foram apresentados, as tabelas apresentadas pela equipe de pesquisa que teve acesso à informação desmentem essas informações publicadas. Na verdade, dos que não fizeram uso da hidroxicloroquina, nós tivemos dois óbitos. Dos que tiveram o uso da hidroxicloroquina, sete óbitos”, afirmou.

Redução de oxigênio

Em seu depoimento, Bruna também afirmou que um dos médicos representados por ela denunciou que a Prevent Senior orientava a redução do nível de oxigenação dos pacientes internados há mais de 10 ou 14 dias.

“Esses pacientes, segundo informações dos médicos, evoluíam para óbito na própria UTI, então você tinha uma liberação de leitos. A expressão que eu ouvi ser muitas vezes utilizada é: óbito também é alta”, declarou a advogada.

Segundo ela, essa informação não consta na denúncia que fez contra a operadora de saúde porque a recebeu num momento posterior. Para Bruna, a medida não pode ser considerada como um tratamento paliativo, pois fugiu das práticas que melhoram ou aliviam o sofrimento do paciente.

“E, sinceramente, acredito que esses pacientes nem tinham condições de serem encaminhados à enfermaria, a esse leito híbrido. É importante que esses prontuários sejam disponibilizados para que seja feita uma devida avaliação”, concluiu.

Para o Sindicato dos Bancários de Bauru e Região, o depoimento da advogada foi um dos mais importantes da CPI. Todas as denúncias expostas são de extrema importância para a investigação, principalmente porque contradiz o que foi dito pelo representante da Prevent Senior e escancara diversas medidas gravíssimas praticadas pela operadora de saúde, aliada ao gabinete paralelo do governo Bolsonaro.

Usar os pacientes de cobaias para tratamentos ineficazes, incentivar pacientes a não seguirem o isolamento social, omitir e adulterar prontuários e dados de óbitos, entre outros absurdos relatados, é criminoso! Todos os responsáveis por tamanha crueldade precisam ser punidos. Basta!

 

 

 

 

 

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