Dois meses após encerrar a agência de Piraju, o Santander fechou a unidade de Fartura, aprofundando o processo de retirada de serviços bancários presenciais em cidades menores do interior paulista. O último dia de atendimento ao público foi na quinta-feira (5). O Sindicato dos Bancários de Bauru e Região esteve presente na data e realizou um protesto, criticando a decisão do banco.
Felizmente, diferente do que ocorreu em Piraju, onde o Santander enrolou os funcionários até o último momento e demitiu parte deles no último dia de funcionamento da agência, os funcionários de Fartura serão realocados.
Exclusão bancária
Previsivelmente, a justificativa do banco para o fechamento baseia-se na chamada “transformação digital”. Com o fechamento, os clientes só conseguirão atendimento na agência de Taguaí, a aproximadamente 14 km de distância. Essa alteração representa mais do que um mero deslocamento: impõe gastos e dificuldades para uma população que, muitas vezes, não tem acesso fácil a transporte ou à internet para utilizar os canais digitais do banco.
Fartura possui mais de 16 mil habitantes. Destes, aproximadamente 2 mil são clientes do Santander, segundo a superintendente regional. Ao abandonar duas cidades vizinhas em tão pouco tempo, o banco reforça a percepção de que o lucro se sobrepõe ao respeito pelos trabalhadores, clientes, comunidades locais e comerciantes.
Desmonte nacional
Em 2023, de acordo com dados do Banco Central, a instituição encerrou quase 100 agências no país, sendo a maior parte em regiões periféricas. Na base do Sindicato, em 2024, foram fechadas as agências de Gália, Taguaí, Duque Bauru e Presidente Alves. Já neste ano, foram as unidades de Itaporanga, Piraju e agora Fartura. Extraoficialmente, há informação de que o Santander fechará todas as agências de cidades com 40 mil habitantes.
O Sindicato dos Bancários de Bauru e Região reforça: a tecnologia não substitui o atendimento humano! O Santander lucrou R$ 2,26 bilhões no primeiro trimestre de 2024 no Brasil. A receita com a cobrança de tarifas e prestação de serviços alcançou R$ 5,9 bilhões — valor que cobre mais de duas vezes a folha de pagamento total do banco, conforme o Dieese.
Além disso, somente no primeiro trimestre de 2025, o banco obteve lucro líquido de R$ 3,86 bilhões, crescimento de 27,8% em relação ao desempenho de um ano antes. Ou seja, diante desses resultados, não há justificativas para continuar esse processo de desmonte, que precariza o atendimento e impõe incertezas e desemprego.

Clientes enfrentaram fila no último dia de atendimento da agência

Roberval, diretor do Sindicato, criticou desmonte do banco no interior paulista