No último domingo, 5, durante uma entrevista à CNN Brasil, o ministro da Economia, Paulo Guedes disse que o governo vai fazer quatro grandes privatizações nos próximos 90 dias, embora não tenha dito quais empresas serão vendidas.
O anúncio da mais nova investida privatista do governo acontece poucos dias depois do Banco do Brasil ter vendido carteiras de crédito, a maioria em perdas, a um fundo do BTG Pactual, banco fundado na década de 1980 pelo próprio Guedes. Trata-se da primeira cessão de carteira do BB a um banco que não pertence ao seu conglomerado.
A carteira cedida tem valor contábil de R$ 2,9 bilhões, e o impacto financeiro da transação será de R$ 371 milhões (antes de impostos), a ser lançado no balanço do terceiro trimestre.
Num comunicado divulgado na quarta-feira passada, dia 1, o BB informou que “esta operação é o piloto de um modelo de negócios recorrente que o Banco está desenvolvendo para dinamizar, ainda mais, a gestão do portfólio de crédito”.
Para o Sindicato dos Bancários de Bauru e Região, essa cessão é, no mínimo, duvidosa, pelo conflito de interesses envolvidos. O BB deveria explicar por que está fazendo essa cessão de créditos pela primeira vez para uma empresa de fora do conglomerado, e por que o banco escolhido foi justamente um fundado por Paulo Guedes.
Porém, se depender do banco, o funcionário tem de ter cuidado ao pedir explicações. Em notícia publicada ontem, 6, o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região informou que “em um canal interno do BB, quando questionada por um funcionário, que argumentou se a transação não estaria atendendo a algum interesse de Guedes, fundador do BTG Pactual, um gestor reagiu de forma totalitária, censora e intimidadora: ‘Sua colocação não está compatível com o nosso código de conduta, pois traz ilações inaceitáveis. Estou te ligando para entender melhor por que você se permitiu registrar esse comentário’, respondeu.”