A Caixa Econômica Federal completou 159 anos no último dia 12. No entanto, para o Sindicato dos Bancários de Bauru e Região, não há motivos para comemorar, já que a instituição está sendo fatiada e está em vias de perder seu caráter 100% público, voltado para o social.
O banco começou o ano em ritmo de reestruturação, promovendo um rodízio dos seus gerentes gerais e de parte dos seus gerentes PF e PJ. Além disso, anunciou o início de operações de atacado – com foco em empresas médias, com receita anual entre R$ 30 milhões e R$ 500 milhões.
Atacado
De acordo com uma reportagem publicada dia 9 no Valor Econômico, a CEF montou 59 escritórios em todo o Brasil para atender os clientes do atacado, sendo 51 deles dedicados às companhias de médio porte.
O jornal diz que “a partir de seleção interna, uma equipe de 1,2 mil funcionários foi deslocada de outras áreas para atuar no segmento” e que “a migração das empresas para essa estrutura será feita ao longo deste mês”.
Seguros e cartões
A Caixa já selecionou o conjunto de bancos que vai coordenar a oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) de sua unidade de seguros, a Caixa Seguridade. Fazem parte do grupo o Morgan Stanley, o Credit Suisse, o Bank of America, o Itaú BBA, o BTG Pactual, o Bradesco BBI, o Brasil Plural, o Banco do Brasil e a própria Caixa.
Os planos da Caixa incluem o pedido da oferta pública inicial de ações junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no início de fevereiro e a precificação da operação em abril.
A expectativa do banco, de acordo com o Estadão/Broadcast, é de que a empresa chegue valendo entre R$ 50 bilhões e R$ 60 bilhões na B3, marcando a primeira oferta pública inicial de ações da história da instituição financeira e da equipe econômica do presidente Jair Bolsonaro.
No mercado financeiro, a aposta é que o valor da venda supere o da BB Seguridade, do Banco do Brasil, ocorrida no governo Dilma. A venda da BB Seguridade levantou R$ 11,5 bilhões na B3, em abril de 2013. A operação serviu de modelo para a reestruturação da Caixa Seguridade.
Por sua vez, a privatização da Caixa Seguridade servirá de modelo para outras áreas que devem ser vendidas pelo banco estatal. O próximo da fila é a operação de cartões, cuja venda está prevista para junho.
“Em 2020, teremos foco total na abertura de capital da Caixa Seguridade e da Caixa Cartões. O da Caixa Seguridade será um laboratório para os demais”, afirmou Pedro Guimarães, presidente da CEF, em recente entrevista ao Estadão/Broadcast.
Pela Caixa 100% pública
Dando início à resistência contra a venda das áreas de seguros e cartões da Caixa, o Sindicato dos Bancários de Bauru e Região realizou na última sexta-feira, dia 17, um protesto com o mote “Em seu aniversário, Caixa é um bolo prestes a ser fatiado”.
No protesto, os diretores do Sindicato fizeram uma reunião com os funcionários e entregaram panfletos para os clientes e usuários do banco. Também distribuíram bolo para a população, fazendo referência ao aniversário da Caixa e ao seu fatiamento.
Privatização
A abertura de capital de subsidiárias da Caixa não é caso isolado. No dia 14, o governo Bolsonaro anunciou que pretende vender cerca de 300 ativos públicos neste ano – o número inclui empresas controladas pelo governo, subsidiárias, coligadas e participações societárias. A intenção é obter R$ 150 bilhões com as privatizações.
Para o Sindicato, a venda dessas estatais servirá apenas para Bolsonaro seguir pagando juros para banqueiros. Para a população, sobrarão serviços piores e mais caros. É preciso resistir!