Por pelo menos uma vez ao dia, um funcionário do Banco do Brasil procura o Sindicato dos Bancários de Bauru e Região para relatar problemas decorrentes de metas abusivas, assédio moral e outras formas de pressão no ambiente de trabalho.
Desde junho, o BB tem elevado progressivamente as metas, chegando a níveis inalcançáveis. A escalada de exigências tem provocado adoecimento mental e físico entre os trabalhadores. Além de enfrentar essa cobrança excessiva, muitos funcionários relatam descaso da instituição em relação à saúde. Veja abaixo!
Falta de readaptação
Neste ano, o Sindicato conquistou em primeira instância a condenação do Banco do Brasil ao pagamento de danos morais a uma bancária com LER/DORT (Lesões por Esforços Repetitivos e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho), que não teve suas atividades readequadas após retornar de afastamentos médicos. A decisão também determinou que o banco realizasse sua readaptação em até 30 dias.
O processo deveria envolver uma equipe médica, responsável por avaliar adaptações ergonômicas, definir limites de tempo e quantidade de atendimentos, além de garantir que a reinserção ao trabalho fosse acompanhada por um psicólogo, visando melhorar o relacionamento interpessoal e a qualidade do ambiente laboral.
Contudo, desde o seu retorno, o BB insiste em descumprir as determinações judiciais e, segundo relato da própria trabalhadora, a utiliza como verdadeiro “quebra-galho”. Antes dos afastamentos, ela atuava como gerente. Agora, embora esteja formalmente na função de escriturária, continua executando tarefas semelhantes às do antigo cargo e ainda é acionada para atender clientes sempre que outro funcionário se atrasa ou precisa se ausentar, exatamente o tipo de sobrecarga que a decisão judicial buscava evitar.
Em comunicado interno, a Equipe Médica do SESMT limitou-se a ajustar recomendações sobre pausas, autorizando intervalos de 15 minutos a cada 45 trabalhados. Nenhuma medida concreta de readaptação foi adotada. A equipe ainda afirmou não ter identificado limitações que justificassem mudança de setor ou função, conclusão que contradiz diretamente a decisão judicial e ignora a condição de saúde da trabalhadora.
Para o Sindicato, essa postura evidencia o descaso do BB. Sem um plano formal de readaptação, não há controle sobre o tipo ou volume de tarefas atribuídas, o que coloca em risco seu bem-estar e aprofunda a sobrecarga justamente no período em que ela deveria estar sendo protegida.
Desrespeito à lei
Diante do claro descumprimento da decisão judicial, o Sindicato vai ingressar com pedido de execução da efetiva reabilitação da trabalhadora, além da aplicação de multa pelo desrespeito às determinações. Para a entidade, o caso não apenas expõe a precarização do trabalho no banco, mas revela uma postura institucional que insiste em colocar metas acima da saúde e da própria lei.




