De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Brasil está enfrentando a maior onda de queimadas dos últimos seis anos. Até o dia 18, o número de focos de incêndios havia aumentado 70% este ano, na comparação com o mesmo período de 2018. São 67 mil pontos de queimadas registrados até a data.
O fogo avança e destrói quilômetros de florestas, matas e cerrados. A Amazônia é a região mais afetada, com 51,9% dos casos. O cerrado concentra 30,7% dos focos registrados esse ano.
A fumaça originada das queimadas também está causando fenômenos até então inéditos, como o “dia que virou noite” em São Paulo, no último dia 20. Segundo cientistas, o repentino escurecimento do céu paulistano, quando ainda eram 15 horas, foi resultado de partículas de queimadas que viajaram milhares de quilômetros.
Estudos realizados por pesquisadores do Inpe mostram que no governo Bolsonaro o desmatamento na região deve chegar a 25,6 mil km2 no ano – um crescimento de 268% em relação a 2017. Para efeito de comparação, se o desmatamento continuar nessa velocidade, em uma década a área desmatada seria equivalente à área do Reino Unido.
A divulgação desses dados levou Bolsonaro a afastar Ricardo Galvão, o diretor do Inpe. Galvão foi acusado por Bolsonaro de “estar a serviço de alguma ONG”. Na ocasião, o presidente ainda chamou os dados do Inpe de “mentirosos”.
Este período do ano, marcado por tempo mais seco, é considerado propício para a ocorrência de queimadas, segundo especialistas. Mas é consenso que na ampla maioria dos casos os incêndios são resultado da ação humana. E, notadamente, sob o governo Bolsonaro estamos assistindo um crescimento recorde.
Na Amazônia, historicamente, de acordo com estudiosos, o uso de fogo tem como principal causa o processo de desmatamento, pois depois de desmatar, coloca-se fogo na área.
Para o Sindicato dos Bancários de Bauru e Região, o avanço no desmatamento está diretamente ligado ao corte de verbas para fiscalização, à alteração no Código Florestal (através de Medida Provisória do ex-presidente Temer) e às próprias falas do presidente Bolsonaro, que incentivam indiretamente práticas como o “Dia do Fogo”, que ocorreu em 11 de agosto, organizado pelo WhatsApp por um grupo de produtores rurais da região.