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Tragédia no Carrefour reforça questionamentos sobre terceirização de segurança

23/11/2020

Na véspera do Dia da Consciência Negra, um homem negro foi espancado e morto por dois homens brancos em um supermercado Carrefour em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, na última quinta-feira, dia 19.

João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, foi espancado por pelo menos dois minutos e asfixiado por quase quatro minutos pelo policial militar Giovani Gaspar da Silva e pelo segurança da loja, Magno Braz Borges. Havia 15 testemunhas no local e o ato foi filmado. Depois do crime brutal, Giovani foi levado para um presídio militar e Magno está em um prédio da Polícia Civil. A investigação trata o crime como homicídio qualificado.

De acordo com a Polícia Federal (PF), Giovani não possuía o registro nacional para atuar como segurança. O segundo homem tinha o documento registrado (que, agora, foi suspenso). Ambos são funcionários de uma empresa terceirizada, a Vector Segurança.

A morte de João provocou revolta entre os brasileiros, que desde sexta-feira, realizam diversas manifestações em frente às lojas do grupo Carrefour no Brasil contra o racismo.

No mesmo dia, justamente no Dia da Consciência Negra, o vice-presidente Hamilton Mourão disse que não existe racismo no Brasil. No sábado, o presidente Jair Bolsonaro criticou os movimentos anti-racistas, a quem acusou durante seu discurso na cúpula virtual do G20 de tentar importar para o Brasil “tensões que não fazem parte de sua história”.

Para o Sindicato dos Bancários de Bauru e Região, João Alberto foi brutalmente morto e toda ação foi criminosa, injustificável e racista. Segundo o Atlas da Violência, estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 5,5% das vítimas de homicídio no País são negras, maior proporção da última década. Nesta parcela da população a taxa de mortes chega a 43,1 por 100 mil habitantes, enquanto para não brancos, a taxa é de 16.

A violência e o racismo não podem ser tolerados. Todos os envolvidos na morte de João devem ser responsabilizados pelo crime que cometeram.

Terceirização

Geralmente, empresas que têm seguranças terceirizados envolvidos em casos de agressão no trabalho costumam colocar a culpa na empresa terceirizada. O CEO global do Carrefour, o francês Alexandre Bompard, se pronunciou sobre o caso na sexta-feira (20), dizendo que as medidas tomadas pelo Carrefour Brasil são insuficientes e pedindo uma “revisão completa das ações de treinamento dos colaboradores e de terceiros”.

Assim como nos bancos, onde há vigilantes terceirizados, o Sindicato defende que o supermercado também seja responsabilizado pelo ocorrido, afinal, o contratante é tão responsável quanto o prestador.

Além disso, no entendimento da entidade, as instituições financeiras e empresas deveriam contratar diretamente os trabalhadores, sem terceirizar, para que assim, a responsabilidade de qualquer ocorrido seja aplicada integralmente.

Vale lembrar que o Carrefour já foi palco de violência contra animais; episódios de agressão provocada por seguranças terceirizados pela empresa; agressão de gerente e terceirizado contra um deficiente físico; insensibilidade do supermercado ao seguir com o funcionamento mesmo após um promotor de vendas morrer enquanto trabalhava em uma unidade do grupo; e agora, racismo e um crime brutal.

JUSTIÇA À JOÃO ALBERTO!

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