O setor bancário registrou redução de postos de trabalho no primeiro trimestre de 2025, segundo dados do Novo Caged, do Ministério do Trabalho e Emprego. No período, foram eliminadas 1.197 vagas. A redução representa 67,8% a mais ao registrado no mesmo período do ano passado.

Em 12 meses, o setor reduziu 7.473. Somente em março, 1.111 vagas bancárias foram extintas. Os bancos múltiplos com carteira comercial – como o BB, Bradesco, Itaú, Santander e Caixa – tiveram o pior desempenho, com a eliminação de 5.408 vagas em 12 meses. Só a CEF foi responsável por reduzir 2.901 postos, sob influência dos Planos de Desligamento Voluntário (PDVs) promovidos no período.

Função bancária impactada

Por área ocupacional, as atividades diretamente relacionadas à função bancária sofreu maior impacto, com retração de 9.105 postos em um ano. Caixas, escriturários e gerentes foram os mais atingidos. Embora em menor intensidade, as áreas administrativa e de atendimento ao público também apresentaram saldos negativos.

Crescimento somente na T.I

A área de Tecnologia da Informação (TI) foi a única com crescimento relevante, com criação de 1.842 vagas em 12 meses.

Reemprego

Das admissões realizadas no primeiro trimestre de 2025, 96% foram por reemprego e 4% correspondem à reintegração de trabalhadores. A porcentagem indica ausência de contratações por primeiro emprego, ou seja, a possível não efetivação de jovens aprendizes e estagiários.

Desligamentos

Dos desligamentos, 50,8% foram sem justa causa, 42,1% a pedido e 3,6% com justa causa. No período não houve registros de desligamentos por aposentadoria.

Desigualdade de gênero

A desigualdade de gênero segue constante no setor bancário. Das 1.197 vagas encerradas no período analisado, 66,5% eram ocupadas por mulheres. Houve 17% menos admissões e 98% mais desligamentos de mulheres em relação aos homens.

Sudeste lidera corte de vagas

Todas as regiões do país perderam empregos bancários nos últimos 12 meses. Contudo, o Sudeste liderou o saldo negativo com -3.794 vagas, seguido pelo Sul (-2.434), Nordeste (-844), Norte (-302) e Centro-Oeste (-99). Os estados mais afetados foram o Rio de Janeiro (-1.363), São Paulo (-1.058) e Minas Gerais (-1.049).

Apenas o Distrito Federal e o Maranhão tiveram saldo positivo, com respectivamente, 381 novas vagas, e 25.

Desaceleração nacional 

Segundo dados do Novo Caged, o mercado de trabalho formal brasileiro apresentou, no primeiro trimestre de 2025, um saldo positivo de 654.503 novos postos de trabalho com carteira assinada. Apesar do crescimento, o resultado é 9,8% inferior ao registrado no mesmo período de 2024, demonstrando uma desaceleração no ritmo de geração de empregos. Os setores de Serviços, Construção, Indústria e Agropecuária puxaram o saldo positivo, enquanto o Comércio foi o único com fechamento de vagas (-13.659).

Para o Sindicato dos Bancários de Bauru e Região, na busca incessante por lucros ainda maiores, os bancos têm intensificado a digitalização, reduzindo postos de trabalho, fechando milhares de agências físicas e apostando em correspondentes bancários. A medida desmantela estruturas essenciais para o atendimento à população, desvalorizando e colocando em risco o emprego dos trabalhadores que atuavam nessas funções, além de prejudicar especialmente os clientes mais vulneráveis e sem acesso pleno às tecnologias digitais.

Apesar da transformação digital ser uma realidade, os bancários são essenciais para que o setor siga atendendo com eficiência as necessidades dos clientes e usuários. Além disso, o sistema bancário deve servir à sociedade e não ao contrário.