Sob o pretexto de ações de saúde preventiva, o Itaú tem convocado funcionários adoecidos e afastados para participar de avaliações que, na prática, funcionam como instrumentos de constrangimento e pressão.
De acordo com a convocação, as avaliações fazem parte do PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional), regido pela norma regulamentadora (NR-7) do Ministério do Trabalho e Emprego.
“Como parte das ações de cuidado e vigilância previstas no PCMSO e do nosso compromisso contínuo com o bem-estar e a saúde de nossos colaboradores, te convocamos para avaliação médica de capacidade laborativa […]. A avaliação tem por objetivo atuar de forma preventiva, visando rastrear e evitar o agravamento de possíveis doenças incapacitantes e levantamento de dados epidemiológicos, garantindo o melhor cuidado possível a nossos colaboradores. Entendemos que sua saúde é uma prioridade e queremos assegurar que você receba o acompanhamento necessário. O não comparecimento à referida avaliação médica pode implicar aplicação de medidas disciplinares, nos termos das políticas internas e legislação vigentes”, diz o chamamento.
Invasivas
A mensagem foi recebida por funcionários que estão na ativa com B91 (auxílio-doença acidentário), que já passaram por exame periódico ou de retorno; afastados por B91 (contrato suspenso); trabalhadores com requerimentos em análise; e afastados por decisão judicial.
Relatos apontam que, durante as avaliações são feitas perguntas invasivas e constrangedoras, envolvendo até mesmo a vida particular do bancário, como o uso de redes sociais. Também foram denunciadas exigências de exames ainda válidos e a imposição de avaliação ortopédica online aos trabalhadores com LER/DORT, quando o atendimento presencial seria mais adequado. Há ainda denúncias de que, durante as avaliações, médicos solicitaram que bancários deixassem a sala sob a justificativa de que receberiam “orientação superior”.
A medicina ocupacional do banco alega que as convocações fazem parte do “programa de linha de cuidados” e as perguntas de cunho pessoal teriam como objetivo compreender o adoecimento psíquico do trabalhador, incentivando cuidados com a saúde física e avaliações psicossociais.
Erro
Em reunião realizada no dia 18 com o Grupo de Trabalho (GT) Saúde, o Itaú informou que os trabalhadores de licença foram convocados erroneamente e que não haverá aplicação de medidas disciplinares.
O Sindicato dos Bancários de Bauru e Região repudia a conduta do Itaú. Ao expor trabalhadores adoecidos a questionamentos invasivos, ignorar diagnósticos já estabelecidos e impor métodos inadequados de avaliação, o banco revela mais interesse em contestar os afastamentos do que promover de fato a saúde de seus empregados. Além disso, a prática constrange o bancário, aprofundando o sofrimento daqueles que já enfrentam condições físicas e mentais fragilizadas. Inadmissível!
Diante desse cenário, o Departamento Jurídico da entidade está à disposição para orientar e atender todos trabalhadores que se sentirem prejudicados ou constrangidos pelas convocações e procedimentos adotados pelo banco.