O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) suspendeu preventivamente os contratos com a Crefisa após identificar irregularidades na prestação de serviços aos aposentados e pensionistas. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União nesta quinta-feira (21).
Segundo o INSS, foram identificadas seis irregularidades na empresa, que venceu no ano passado o leilão da folha de pagamento, 25 dos 26 lotes disponíveis. São elas:
- Dificuldade ou impedimento no recebimento do benefício: registros de atrasos, recusas de pagamento e limitações para saque;
- Coação para a abertura de conta corrente e venda casada de produtos;
- Falta de estrutura adequada nas agências bancárias: filas extensas, ausência de caixas eletrônicos (ATMs) e inadequação do espaço físico;
- Portabilidades indevidas e não autorizadas;
- Falta de um sistema de triagem e emissão de senhas;
- Falta de informações claras e atendimento inadequado.
O órgão informou que a Crefisa é alvo de reiteradas reclamações em ofícios encaminhados por Procons, Ministério Público Federal, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e manifestações dos beneficiários nos diversos canais da autarquia.
A suspensão irá se estender até a conclusão definitiva dos processos de apuração, de acordo com o INSS. Atualmente, a Crefisa é responsável pelo pagamento de 1,7 milhão dos 41 milhões de benefícios que o INSS paga hoje. Somente neste ano, de janeiro a agosto, recebeu R$ 25 milhões.
O INSS também suspendeu os contratos com o Agibank, após ter identificado irregularidades semelhantes.
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Em janeiro, o Sindicato dos Bancários de Bauru e Região publicou uma reportagem (veja aqui) alertando os aposentados e pensionistas sobre a conduta abusiva da Crefisa. A empresa é amplamente conhecida por coagir aposentados na contratação de empréstimo consignado e por suas taxas de juros elevadas. Inclusive, em 2023, foi condenada dezenas de vezes por cobrar juros abusivos de idosos. Os juros cobrados, de acordo com as decisões judiciais, chegam a 987,22%.
Importante ressaltar que os funcionários da empresa não fazem parte da categoria bancária. Eles são contratados sob outro regime, o que compromete os direitos dos trabalhadores e a qualidade do atendimento oferecido aos clientes.
O Sindicato acompanhará de perto o processo de repasse dos novos contratos para os demais bancos responsáveis pela folha de pagamento do INSS e já deixa claro: não aceitará que os funcionários sejam prejudicados pela sobrecarga de trabalho.
Conforme anunciado pelo Ministério da Previdência, o Mercantil assumirá a maior parte desses contratos.