A Fundação Sudameris agiu de maneira sorrateira e realizou uma reunião virtual de associados, no dia 29 de agosto, para propor duas opções de acordo extrajudicial sobre o plano de saúde. As propostas tem validade até o dia 15 de setembro e quem aderir qualquer uma delas renunciará ao direito de ações em curso ou futuras.
A reunião de associados foi convocada sem amparo estatutal ou legal, sob a justificativa da “gravidade da situação financeira da Fundação e das questões envolvendo o custeio do plano de saúde ofertado aos seus ex-contribuintes e dependentes, denominado de Clínica Grátis para Aposentados”.
De acordo com a Fundação, a dissolução e liquidação estão próximas. “Os recursos financeiros disponíveis no caixa da Fundação Sudameris são suficientes para manter o plano de saúde ativo e operacional somente até 31 de agosto de 2025. Após esta data, em razão da ausência de pagamento da mensalidade, a operadora que oferta o plano de saúde provavelmente procederá ao seu cancelamento, interrompendo-se, por consequência, quaisquer atendimentos e tratamentos médicos”, declarou na carta explicativa enviada aos associados.
Ataque do patrocinador-instituidor
O Banco Sudameris e a Fundação foram adquiridos inicialmente pelo Banco ABN AMRO Real, que posteriormente foi comprado pelo Santander, atual patrocinador-instituidor. Todos os trabalhadores que contribuíram com a Fundação Sudameris por 25 anos ou mais tinham garantido o direito a gratuidade no plano de saúde Clínica Grátis. Porém em abril de 2024, o Santander informou que o custo para o beneficiário e seus dependentes seria de 50% do valor do plano; e, a partir de setembro daquele ano, 100%.
A medida foi suspensa por uma ação movida pelo Ministério Público de São Paulo. No entanto, o ataque seguiu fora da Justiça, como se pode ver nas propostas abaixo.
Propostas
Os associados deverão, até 15 de setembro, optar por uma das alternativas:
- Desligamento voluntário, imediato e indenizado do plano de saúde e da Fundação Sudameris. As indenizações serão pagas com recursos oriundos de doação do Santander, realizada com esse propósito específico.
- Desligamento voluntário e imediato da Fundação Sudameris, com a possibilidade de manutenção do vínculo com o plano de saúde, exclusivamente na modalidade enfermaria, mas que passaria a ser estipulado pelo Santander e custeado pelo optante de forma gradativa a partir de outubro de 2025, de modo que ele assuma o custeio integral (R$ 2.500 por pessoa)
a partir de abril de 2026. Essa opção não estará disponível para os associados e partes interessadas que já são beneficiários em 1º de agosto de 2025 de plano médico em apólice contratada pelo Santander.
Para o Sindicato dos Bancários de Bauru e Região, as propostas são mais uma afronta aos aposentados, que dedicaram mais de duas décadas de trabalho ao Sudameris e ao Santander e, justamente na fase da vida em que mais precisam de assistência médica, veem seus direitos e dignidade serem arrancados.
O Sindicato orienta a recusa das propostas, mas reconhece que cada um sabe suas necessidades e limites. É inadmissível que um banco que lucrou R$ 13,8 bilhões no último ano não direcione parte desse valor para sustentar a Fundação e garantir a continuidade do plano.