Documentos de fundos de pensão, sob análise do MPF (Ministério Público Federal) em Brasília, mostram que o ministro da Economia, Paulo Guedes, atuou como uma espécie de fiador de negócios suspeitos de fraude, feitos por uma de suas empresas com entidades de previdência patrocinadas por estatais.
Guedes é alvo de três investigações, na Polícia Federal e na Procuradoria da República no Distrito Federal, para apurar indícios de gestão fraudulenta ou temerária ao captar e aplicar, a partir de 2009, R$ 1 bilhão de sete fundos de pensão.
Além da Funcef estão Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras) e Postalis (Correios).
O dinheiro foi aportado nos fundos de investimento em participações (FIPs), BR Educacional e Brasil de Governança Corporativa, que ele mesmo criou, e usado em diversos projetos.
A suspeita é que as transações geraram ganhos excessivos para Guedes, em detrimento das entidades que injetaram o dinheiro, responsáveis pela aposentadoria complementar de milhares de empregados das estatais. Na época, elas eram capitaneadas por executivos ligados ao PT e ao MDB.
Para administrar os recursos, Guedes criou a BR Educacional Gestora de Ativos. Segundo as investigações, apesar da alta cifra captada, a empresa não tinha experiência, tendo, em 2009, obtido recentemente autorização da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para operar.
Além disso, a BR Educação era, segundo investigadores, “de prateleira”. Pelas investigações em curso, a empresa recebeu R$ 62,5 milhões do FIP BR Educacional. Não tinha patrimônio líquido, histórico de faturamento ou qualquer outra garantia.
Guedes foi presidente do conselho administrativo da empresa, que recebeu recursos dos fundos de pensão. Ao mesmo tempo, era sócio majoritário da gestora, que decidia o destino do dinheiro.
Para os investigadores, esse duplo papel pode configurar um conflito de interesses.
Guedes foi intimado a depor na Procuradoria duas vezes, mas as oitivas foram desmarcadas. Primeiro, pelos investigadores e pelo ministro, na segunda, Paulo alegou problemas de saúde.
O roteiro do investimento de R$ 62,5 milhões, iniciado em 2009, terminou em 2015 com prejuízo de R$ 22 milhões aos fundos de pensão (valores atualizados pela Selic, a taxa básica de juros da economia), de acordo com a força-tarefa.
O super ministro do governo Bolsonaro ainda é investigado por outras transações, como a compra da empresa HSM do Brasil com pagamento feito a um grupo com sede em Delaware, paraíso fiscal dos Estados Unidos por um valor muito superior ao que a marca valia (cerca de 10% do que fora pago).
A Procuradoria também investiga o FIP Governança Corporativa, que aplicou em 2010 R$ 112,5 milhões em um grupo de infraestrutura, a Enesa. No início de 2018, um laudo constatou que a empresa havia perdido o valor de mercado e o FIP de Guedes vendeu por simbólicos R$ 100 mil as ações que havia adquirido por R$ 112,5 milhões.
Para o Sindicato dos Bancários de Bauru e Região, o governo Bolsonaro e seus membros logo serão desmascarados, já que se trata da velha política travestida de nova.