O Santander já começou a implementar em Bauru seu novo modelo de agência – agora chamada de “loja”. As mudanças começaram pela agência Altos da Cidade.
No aspecto físico da “loja”, o que mudou foi que as portas giratórias foram retiradas, as cadeiras foram substituídas por pufes e os terminais de autoatendimento tradicionais foram substituídos por uns mais modernos, que contam cédulas e efetivam o crédito na conta do cliente no mesmo momento – como se o depósito fosse feito na boca do caixa, e não por envelope.
Quanto ao aspecto humano, alguns dos caixas já foram nomeados “gerentes de negócios e serviços” (nenhum deles teve aumento salarial, mas, em compensação, passaram a ter metas). Aparentemente, ficaram de fora da “promoção” quem ainda não tem o CPA-10. O treinamento dos novos “gerentes” consistiu num curso online durante o expediente.
“O organograma tradicional deixa de existir. O caixa continua existindo, mas não é mais uma pessoa. Qualquer um pode voltar e fazer a autenticação se for necessário. É um pouco do que acontece em qualquer loja. Raramente você vê nas lojas a figura do caixa. Chamamos as estruturas de lojas – e não mais de agências – porque lá, apesar de não ser possível visualizar produtos, eles estão em prateleiras digitais. […] Teremos um empório de produtos”, afirmou Sergio Rial, presidente do Santander no Brasil e na América do Sul, em entrevista publicada pelo Estadão no dia 5.
O Sindicato dos Bancários de Bauru e Região esteve na agência piloto onde o novo sistema começou a ser implementado e constatou que, na primeira semana da experiência, o tempo de fila chegou a uma hora e meia.
Paralisação
Como consequência da sua nova política, o Santander voltou a demitir em todo o Brasil. Na base sindical de Bauru, foram três dispensados, todos com muitos anos de serviços prestados ao banco.
Uma dessas demissões ocorreu na agência de Agudos, o que levou o Sindicato a paralisar a unidade até as 13 horas da última sexta-feira, dia 10 (veja foto acima).
A entidade utilizou o carro de som para denunciar a ganância do Santander, que lucrou R$ 12 bilhões em 2018 e R$ 3,4 bilhões no primeiro trimestre deste ano.
Esse lucro vem dos altos preços das tarifas cobradas dos clientes, que nos últimos 12 meses foram reajustadas em 19%, bem mais que a inflação do período. Por esse tipo de abuso, a filial brasileira do Santander responde por 26% do lucro mundial do grupo espanhol, e a relação receitas/tarifas x folha de pessoal é de 185,4%. Ou seja: não há nenhum motivo para o Santander demitir.
Reunião
Para tratar das demissões imotivadas, do novo modelo de agência do banco, das denúncias de cobrança de metas individuais por Whatsapp, além do problema dos vales refeição e alimentação (praticamente nenhum estabelecimentos aceita o novo vale em Bauru e Região), o Sindicato agendou uma reunião com o superintendente regional do banco para as 11 horas desta segunda-feira, dia 13.
O Santander vem passando dos limites em todo o Brasil. No dia 4, iniciou o processo de abertura de agências aos sábados (quase 30 foram abertas). Os bancários foram “convidados” para “um trabalho voluntário”, para ensinar os clientes a administrar suas economias. O trabalho aos sábados não está previsto na CCT dos bancários.