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Estatal pune empregado que criticou ataques do governo Bolsonaro

08/12/2020

A empresa estatal Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) vinculada ao Ministério da Economia, puniu com dez dias de suspensão e descontos salariais um funcionário público que criticou o governo Bolsonaro em um e-mail interno. A denúncia sobre o teor do e-mail foi realizada por um funcionário bolsonarista.

Insatisfeito com os ataques do presidente e de seus ministros, o trabalhador escreveu aos seus colegas “que somente a resistência pode barrar as atitudes loucas deste desgoverno”. Apesar do e-mail ser visto por 200 empregados públicos que faziam parte de um grupo criado para trocar informações a respeito do teletrabalho, e não ter circulado nas redes sociais, Fernando Sergio Gomes, analista de sistemas de 63 anos e que há 41 presta serviço à estatal, não foi poupado.

A Corregedoria abriu um procedimento administrativo e, ao final, sugeriu a suspensão de Gomes por dez dias, sob o argumento de “emprego de recursos materiais e digitais disponibilizados pelo Serpro, e exclusivos para serviço, em atividades particulares e com expressões injuriosas”. Além disso, o órgão comunicou que o trabalhador cometeu uma segunda suposta irregularidade, de não ter feito “notificação de pedido e concessão de aposentadoria” e “observação da obrigação de fornecer informações necessárias à permanente atualização do seu cadastro funcional”.

“Isso serviu como um sinal, um aviso para aquelas pessoas [da estatal] que são um pouco receosas. Uma pessoa com 41 anos de Serpro como eu, sem nada desabonador, não fui nem advertido, fui direto para uma suspensão”, disse Gomes à coluna de Rubens Valente, no site UOL.

Sobre a cobrança repentina de papéis sobre um trâmite administrativo que ele cumpriu oito anos atrás com pleno conhecimento da estatal, o trabalhador declarou estar surpreso e que continua trabalhando porque há uma demanda dos seus serviços e essa é uma prática comum na empresa.

O advogado do funcionário afirmou que irá ajuizar uma ação na Justiça do Trabalho para pedir a anulação da punição, que foi já cumprida em agosto.

Procurada pelo UOL para esclarecer o conteúdo do processo em agosto, a estatal disse que não poderia comentar o caso, “para preservar o sigilo do procedimento correcional e a intimidade de seus empregados, o Serpro se isenta de se manifestar publicamente sobre eventuais aplicações de sanções disciplinares”.

Para o Sindicato dos Bancários de Bauru e Região, a liberdade de expressão do funcionário foi censurada. O e-mail corporativo é usado para tratar sobre temas relacionados ao trabalho e a declaração do funcionário somente demonstra a vontade dele defender seu emprego e dos colegas, dos ataques privatistas do governo Bolsonaro.

“Pessoal, muitos aqui estão nos grupos de resistência contra as privatizações, o Serpro não está fora da lista, recentemente houve mudança no tempo do acontecer. O grupo RJ Conectado abraça vários colegas que entenderam que somente a resistência pode barrar as atitudes loucas deste desgoverno. 493 trabalhadores da Dataprev estavam prestes a ir para o olho da rua, mas vários grupos se organizaram, tanto WhatsApp como Telegram, e conseguimos suspender a tragédia. Portanto entendam que nossa luta para manter o TT [Teletrabalho] é apenas uma parte de um todo”, declara o funcionário na mensagem enviada internamente aos colegas.

Gomes ainda afirmou que com a pandemia, parte dos empregados em teletrabalho continuou em “home office”, mas a estatal teria avisado que a modalidade seria encerrada, expondo ao risco de contágio, trabalhadores que se enquadram no grupo de risco, por isso sugeriu que o grupo lutasse contra esse ataque.

O Sindicato se solidariza com o funcionário público e repudia qualquer tipo de perseguição e punição àqueles que lutam em defesa de seu emprego e direitos.

 

 

 

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