O desejo de ser mãe envolve diversas incertezas e desafios. Enquanto os homens são frequentemente parabenizados e apoiados pela sociedade e pelos empregadores ao se tornarem pais, as mulheres enfrentam obstáculos profundos, especialmente no mercado de trabalho. A discriminação contra trabalhadoras que planejam a maternidade começa antes mesmo da gravidez se concretizar.

Nesta semana, uma bancária que trabalhava há seis anos no Bradesco foi demitida logo após retornar de uma licença médica, sob a justificativa de produtividade. Ela havia se afastado por poucos dias do trabalho para passar por uma etapa inicial de um tratamento de fertilidade: a coleta de óvulos. Tanto o banco quanto os colegas estavam cientes do motivo de seu afastamento.

Para o Sindicato, a atitude do Bradesco, além de discriminatória e irresponsável, é completamente desumana. A demissão ocorreu uma semana antes do procedimento de transferência embrionária, um momento crucial do tratamento que exige da mulher um estado de bem-estar físico e emocional para que o processo tenha sucesso. Além disso, após a demissão, conforme o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) o plano de saúde será mantido por apenas 90 dias. Como estar bem, quando se está desempregada, prestes a realizar um dos maiores sonhos da vida, sem o suporte necessário para isso? Impossível!

O Sindicato já está tentando reverter administrativamente essa demissão. Caso a reintegração não seja alcançada por essa via, a entidade irá recorrer à Justiça para garantir que os direitos da trabalhadora sejam respeitados e para que o banco seja devidamente condenado pela discriminação sofrida.

Outras discriminações

A conduta discriminatória do Bradesco contra mulheres tem sido amplamente discutida e já gerou repercussões em nível nacional, com o banco sendo condenado por danos morais em diversas ocasiões. Um dos casos mais emblemáticos ocorreu na Bahia, quando um gerente geral sugeriu aplicar injeções de anticoncepcional nas mulheres que trabalhavam na unidade. A mulher que denunciou o episódio foi demitida enquanto estava grávida.

Além desse caso, outros tipos de discriminação também foram identificados, como rebaixamento de função após licença-maternidade, desigualdade salarial, dificuldades para ascensão profissional e episódios de assédio moral e sexual.

Mais demissões

Apesar do Bradesco obter lucro líquido recorrente de R$ 18,136 bilhões nos nove primeiros meses de 2025, alta de 28,2% em relação ao mesmo período do ano passado, segue com sua política de fechamento de postos de trabalho. Em nível nacional, o banco encerrou o terceiro trimestre de 2025 com 70.152 bancários, com fechamento de 2.557 postos de trabalho em doze meses e 572 no trimestre.

Em Bauru e região, além do desligamento citado acima, ocorreram outros dois casos nesta semana. Um bancário, que atuava no Bradesco Empresas e tinha 17 anos de serviço, foi demitido em Bauru. Já o outro funcionário, com 2 anos e 4 meses de atuação, foi desligado em Lençóis Paulista. A justificativa do banco para ambas as demissões foi a velha desculpa de produtividade.

Fechamento de agências

Embora a base de clientes tenha crescido 1,1 milhão em doze meses, totalizando 74 milhões, o Bradesco segue reduzindo sua estrutura física. Em doze meses, foram fechadas 296 agências, 1.246 postos de atendimento (PA e PAE) e 61 unidades de negócios. Atualmente, o banco possui 2.059 agências, 1.978 postos de atendimento e 707 unidades de negócios.

Nos próximos dias, o Sindicato pretende realizar uma manifestação denunciando à população e imprensa essa série de ataques do Bradesco.