Na tentativa de diminuir o impacto de diversos desligamentos que estão por vir, o Itaú resolveu inovar a forma como demite seus funcionários: agora, o banco irá praticar demissões “humanizadas”.
Os funcionários que perderão o emprego serão avisados antecipadamente pelo banco, para que não haja surpresas e para que possam ter tempo de buscar realocação profissional. A modalidade será implementada pelo banco em áreas que passarão por reestruturação, extinção de cargo ou impossibilidade de continuar exercendo a função.
A medida distorce completamente o conceito de humanização, atitude de tornar condições melhores e mais humanas a alguma ação. Afinal, onde há cuidado e benevolência em avisar um trabalhador que ele será demitido dali um período? Como esses trabalhadores irão enfrentar o restante dos dias de trabalho, sabendo que estarão desempregados em breve?
Santa Cruz do Rio Pardo
Na semana passada, o Itaú de Santa Cruz do Rio Pardo demitiu um trabalhador nessa mesma modalidade “humanizada”. O bancário, que tinha 35 anos de serviços prestados ao banco, chegou ao trabalho e recebeu a notícia de que seria demitido em um mês.
Para o Sindicato dos Bancários de Bauru e Região, a estratégia do Itaú é completamente desrespeitosa e nociva aos trabalhadores. Os efeitos negativos de uma demissão e os danos emocionais não ficam mais leves com o aviso antecipado, pelo contrário, eles podem ser intensificados, levando ao adoecimento mental e físico. Se o banco estivesse realmente preocupado em tomar atitudes humanizadas, ele não retiraria o emprego daqueles que o ajudaram a alcançar o lucro de R$ 30 bilhões em 2022 e assumiria a responsabilidade de realocar internamente esses trabalhadores.
O que diz o banco
Questionada pela entidade sobre a atitude, a Assessoria de Relações Sindicais do banco concordou que há falhas na modalidade e afirmou que o Itaú está analisando melhorias ou até a possibilidade de extinção da estratégia.