No dia 26 de novembro, o movimento sindical se reuniu com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) para mais uma mesa de negociação sobre assédio moral, sexual e outras formas de violência no ambiente de trabalho.

O encontro teve como objetivo avaliar o andamento das ações adotadas pelos bancos para cumprir as cláusulas previstas na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria, que determinam:

• Disponibilização de canais para denúncias e para o acolhimento humanizado, com garantia de proteção e sigilo às vítimas e aos denunciantes;
• Campanhas internas e externas de repúdio ao assédio moral, sexual e outras formas de violência no ambiente laboral;
• Orientações sobre as atitudes que podem ser tomadas diante desses tipos de violência.

Levantamentos apresentados

Em um levantamento realizado pela Fenaban em 2024, que abrangeu 42 bancos, representando 97,8% do setor e um total de 409.317 trabalhadores, foi constatado que 100% das instituições já possuíam canais de denúncia e acolhimento; 85% haviam produzido materiais para informar e orientar os trabalhadores; e 89% tinham emitido declarações de repúdio a esse tipo de violência.

Já em um novo levantamento, apresentado aos representantes dos trabalhadores nessa última mesa de negociação, os dados mostraram que 88% dos bancos haviam produzido matérias para informar o orientar os trabalhadores contra assédio moral, sexual e outras formas de violência no trabalho; e 95% as declarações de repúdio.

Canais de denúncia

Foi reivindicada a redução do prazo para a resolução dos casos de violência, atualmente de 45 dias corridos, com possibilidade de prorrogação por mais 90 dias. A Fenaban, porém, informou que ampliou o percentual de casos solucionados dentro do prazo original de 45 dias.

Em 2024, 68,9% das denúncias recebidas foram resolvidas em até 45 dias. No primeiro semestre deste ano, esse índice subiu para 78,3%.

Assédio por algoritmos, IA e bisfenol

Sobre a reivindicação de que os bancos passem a reconhecer como violência o “assédio por algoritmos”, ou seja, a pressão por metas e resultados exercida por meio de ferramentas digitais, como sistemas de monitoramento, ficou acordado que, no dia 1º de dezembro, será realizada uma mesa específica sobre o tema “Gestão Ética da Tecnologia”, na qual a questão será aprofundada.

Na mesma data, também serão discutidos os limites do uso da Inteligência Artificial (IA) no setor bancário e a substituição dos papéis térmicos à base de bisfenol, utilizados nas impressoras dos bancos. A substância tem sido associada a problemas de saúde, incluindo distúrbios hormonais e câncer.

O Sindicato dos Bancários de Bauru e Região reforça que ainda há um longo caminho para que as medidas anunciadas pelos bancos se traduzam em mudanças reais no cotidiano das agências. Embora os números mostrem pequenos avanços formais, a experiência dos trabalhadores segue marcada por falta de acolhimento, demora na apuração das denúncias, ausência de punições efetivas e, em muitos casos, perseguição às vítimas. Não basta manter canais de denúncia e divulgar campanhas contra o assédio se, na prática, as velhas condutas continuam sendo reproduzidas.

A entidade reforça que mantém um canal de denúncias aberto a todos os bancários, sindicalizados ou não, para relatar abusos ou irregularidades, sempre com total sigilo. O contato pode ser feito pelo telefone/Whats (14) 99868-4934.