O movimento sindical se reuniu com a direção do Itaú no dia 18, para cobrar respostas sobre teletrabalho, fechamento de agências e reestruturação. A representação dos trabalhadores reforçou denúncias de práticas abusivas, falta de transparência e impactos à saúde dos bancários.
Teletrabalho
Diante dos impactos resultantes das demissões em massa de funcionários em home office em setembro, o movimento sindical exigiu que o banco apresente regras claras e específicas em relação ao trabalho remoto, além de proteção aos trabalhadores. Também foi solicitado:
- Respeito à privacidade e fim de práticas invasivas;
- Transparência nos critérios de monitoramento;
- Mecanismos formais de feedback para evitar arbitrariedades.
Após a cobrança, o banco se comprometeu a construir cláusulas específicas.
Fechamento de 241 agências
De acordo com o próprio Itaú, ainda restam nove unidades em processo de encerramento, das 241 agências previstas para fechamento. Embora o banco tente apresentar o processo como uma simples “reestruturação”, os números revelam um impacto profundo e pouco transparente sobre a vida dos trabalhadores.
Dos funcionários atingidos, 79% foram realocados, em sua maioria, em unidades já saturadas pela sobrecarga de trabalho e condições visivelmente inadequadas. Além disso, 3% pediram demissão em razão da pressão por metas inalcançáveis e do ambiente hostil criado pelo processo, enquanto 18% foram desligados imotivadamente.
A falta de critérios no processo de fechamento e os prejuízos à população, especialmente idosos, aposentados e moradores de regiões periféricas, que estão desassistidos e com atendimento precarizado, também foram criticados.
Reestruturação até 2030
O Itaú informou que até 2030 passará a operar dividido em seis segmentos: Agro, Person, Média Renda, Massificado, Aposentados e Servidores. Até o momento, todas as informações sobre essa reestruturação não foram divulgadas detalhadamente, deixando inúmeras dúvidas sobre as qualificações e treinamentos necessários, bem como os impactos aos empregados.
Para o Sindicato dos Bancários de Bauru e Região, os dados sobre os funcionários afetados pelo fechamento de unidades evidenciam que o custo da reestruturação tem sido integralmente empurrado para os trabalhadores. O processo aprofunda a precarização das condições de trabalho e expõe um abismo cada vez maior entre o discurso institucional e a realidade concreta enfrentada pelos empregados.
Há inúmeros relatos de unidades receptoras superlotadas, com infraestrutura incapaz de absorver o aumento no fluxo de clientes e na carga de trabalho. Em muitos desses locais, o acúmulo de funções atingiu níveis insustentáveis, resultando em sobrecarga física e emocional e contribuindo para o adoecimento de diversos trabalhadores.
A entidade reforça que o Itaú tem a responsabilidade de assegurar condições mínimas e dignas de trabalho, incluindo infraestrutura adequada para receber equipes realocadas. O banco deveria demonstrar sensibilidade e, ao menos nesses períodos de realocação, reconsiderar o excesso de cobranças e metas impostas aos funcionários, que já enfrentam um momento delicado de adaptação.

