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Bancários em debate: Lula deve ser preso?

09/04/2018

Depois que, em 24 de janeiro, os desembargadores da 8ª Turma do TRF-4 endureceram ainda mais a pena de prisão imposta a Lula pelo juiz Sergio Moro, o ex-presidente apresentou ao STF um habeas corpus para tentar evitar a cadeia. No último dia 4, por 6 votos a 5, o HC foi negado, e agora Lula pode ser preso. O caso é polêmico e divide opiniões inclusive dentro do movimento sindical. Dada a relevância do assunto, principalmente em ano de eleição, o Sindicato dos Bancários de Bauru e Região convidou dois destacados representantes bancários para responderem à seguinte pergunta: “Lula deve ser preso?” Leia as respostas logo abaixo:

 

Sim

O lugar de Lula é na cadeia! Prisão para todos os corruptos e corruptores!

Há duas questões que são fundamentais, antes de defender a condenação ou a absolvição de Lula: 1ª) Ele fez parte de algum esquema de corrupção? Mais especificamente, alguma construtora ganhou dinheiro ilegalmente, superfaturou obras, foi beneficiada deliberadamente no governo Lula? e 2ª) Se alguém é corrupto (e roubou do povo!), é moralmente aceitável ou politicamente justificável ser defendido porque outros são ainda piores?

Sobre a corrupção em si, não há dúvida alguma. Nem mesmo os petistas mais fervorosos negam que o BNDES distribuiu dinheiro à JBS, Eike Batista e empresários amigos do PT, que depois financiaram as campanhas eleitorais. O enriquecimento destas empresas nos governos petistas é público e acessível a qualquer busca rápida nas suas próprias declarações patrimoniais. O financiamento às campanhas petistas, legal ou ilegal, também está fartamente comprovado. Há dezenas de testemunhos, confissões de comparsas, vídeos, áudios, cuecas com dinheiro, malas com dinheiro, casas com dinheiro, planilhas, contas descobertas, contratos ilícitos revelados… É tanta prova que não tem a mínima possibilidade de alguém ainda negar a corrupção. O tríplex de Lula é só um trocado de tudo que eles roubaram.

Desde o mensalão, os ex-tesoureiros petistas já reconheciam o caixa 2, e tanto Lula como Dilma foram eleitos com base nesses recursos provenientes do assalto ao orçamento. Outros partidos também receberam, é evidente. E também devem ser punidos. Mas não existe como negar que, juntos, o PT e seus dirigentes (Lula à frente) receberam propinas na casa dos bilhões de reais.

A impunidade característica do Brasil, que mantém milhares de corruptos livres, ainda beneficia Lula, que, se fosse pobre e tivesse roubado um quilo de carne, já estaria na cadeia. Lula não é um pobre ou esquerdista sendo perseguido. É um corrupto, que retirou direitos de trabalhadores por 8 anos seguidos, fez a reforma da Previdência (0 que Temer não conseguiu), privatizou empresas, invadiu o Haiti a serviço dos EUA, arrochou o salário dos bancários, enquanto banqueiros, latifundiários e grandes empresários nunca lucraram tanto. A questão é: diante de muitos corruptos que já foram presos (Maluf, Cabral, Genoíno, Cunha, Palocci, Delcídio, Garotinho, Geddel, Dirceu) e outros corruptos ainda livres (Temer, Serra, Pimentel, Aécio, Sarney), nós devemos defender que os corruptos presos sejam liberados ou que os ainda em liberdade sejam presos?

O PT loteou cargos, montou esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro em todas as estatais, ministérios e fundos de pensão que tocou. E não fez isso sozinho: aproveitou o “know how” do mensalão do PSDB em MG, os esquemas já existentes dos caciques do PMDB, e os ampliou. É triste reconhecer, mas Lula virou um empresário milionário, depois de alguns anos sendo operário e muitas décadas sendo um burocrata sindical e partidário. E o PT se tornou mais um partido corrupto, roubando mais ou talvez menos que os demais – isso pouco importa. Sinceramente, não é papel dos trabalhadores fazer um ranking do mais corrupto e sair a defender o que roubou menos, ou quem roubou antes.

Matheus Crespo é funcionário da CEF, militante do Movimento Revolucionário Socialista (MRS) e diretor do Sindicato dos Bancários do RN.

 

Não

A condenação de Lula e os ataques contra os trabalhadores

Um projeto de brutais ataques aos trabalhadores está sendo implementado no Brasil: reforma trabalhista, lei das terceirizações, PEC do teto dos gastos. Ganham os banqueiros e grandes empresários e perdem os trabalhadores. Dilma foi derrubada porque não tinha condições de impor estes ataques e não por causa de pedaladas fiscais. Por isso, dizemos que o impeachment foi um golpe contra os trabalhadores.

A condenação de Lula, em um processo cheio de irregularidades e sem provas definitivas, é parte deste mesmo processo. Lula é identificado com a esquerda e por isso querem tirá-lo de vez do jogo. Não é preciso ser petista ou concordar com o projeto politico de Lula para ser contra sua condenação. Não votaremos em Lula caso seja candidato. O PT governou o país durante 13 anos em alianças com o que há de pior na política brasileira e estas alianças facilitaram os ataques da classe dominante contra os trabalhadores. Por isso estaremos construindo, no PSOL, uma candidatura de esquerda, sem conciliação com banqueiros e empresários. Mas queremos enfrentar o projeto petista nas ruas e nas urnas, e não nos tribunais.

Não concordamos que o judiciário impeça, em um processo claramente político, uma candidatura que está em primeiro lugar nas pesquisas, pois isso significa tomar de assalto o voto de milhões de trabalhadores que optaram por Lula. Lula tem como projeto político a conciliação entre as classes. Mas a classe dominante não quer conciliação nenhuma. Quer governar sozinha. O PT, que durante muito tempo lhe serviu, já não serve mais, e por isso querem tirar Lula do jogo “no tapetão”.

O poder judiciário não é imparcial e não esta agindo em nome do combate à corrupção. A condenação foi política. O caso foi julgado em tempo recorde para impedir que Lula se candidatasse. Enquanto isso, Geraldo Alckmin segue tranquilo em sua candidatura mesmo envolvido em escândalos de corrupção. Michel Temer continua na presidência mesmo tendo sido gravado em negociatas escusas.

A judicialização da política, por um lado, e a continuidade dos ataques aos nossos direitos, não interessam aos trabalhadores. Por isso, devemos ser contra a condenação de Lula e defender o direito de que seja candidato, independente de apoiarmos ou não a sua candidatura.

Juliana Donato é funcionária do BB, ex-representante dos funcionários no CA do banco, e militante do Movimento por uma Alternativa Independente e Socialista (MAIS – PSOL).

(Bancários na Luta nº 24)

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