De janeiro de 2013 a outubro de 2020, os bancos extinguiram 78.155 postos de trabalho. No mesmo período, foram registradas 303,7 mil demissões e somente 225,5 mil contratações, segundo levantamento realizado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), com base nos dados do Caged(Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério da Economia.

Em todos esses anos, os saldos totais de postos foram negativos, com evidência em 2016, que registrou 20,6 mil desligamentos a mais do que contratações.

De acordo com a pesquisa, apesar da crise financeira do Brasil, entre 2014 e 2016, ter intensificado o volume de demissões em relação ao de contratações, a transformação tecnológica e digital foi a principal causa do enxugamento da estrutura nas instituições financeiras.

Um exemplo atual dessa transformação é a Caixa Econômica Federal, que na pandemia do coronavírus, foi o banco responsável para o repasse do auxílio emergencial do governo, abrindo 105 milhões de contas poupança digitais em 2020.

Nesse cenário pandêmico de 2020, nos primeiros dez meses do ano, o setor bancário registrou saldo negativo de 8.086 vagas, com 21,8 mil desligados e somente 13,7 mil contratados no período.

O levantamento também apontou que o mês com o pior saldo neste ano foi outubro, que contabilizou mais de 6,8 mil demissões contra 1,3 mil novos contratos. Desta forma, 5,6 mil postos de trabalho foram fechados no período.

Os cinco maiores bancos do país (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú e Santander) somavam cerca de 414,4 mil funcionários no terceiro trimestre deste ano —uma redução de 2,4% em relação a igual período de 2019, quando somavam 424,5 mil.

No começo da crise sanitária, os bancos se comprometerem com o movimento sindical que não haveria demissões até o final da pandemia. Em abril, os desligamentos chegaram a cair para 930 – uma queda de 58% em relação a março – no entanto, em junho, as demissões voltaram a subir drasticamente.

Desde o início do ano, o Santander demitiu 2.672 pessoas. Deste total, 1.201 foram demitidos entre junho e setembro. Na sequência, o Itaú desligou 200 funcionários e no início de outubro, o Bradesco começou uma demissão em massa, onde em menos de um mês foram mais de 800 demitidos.

Fora essas demissões, em novembro, a Caixa abriu um PDV (Programa de Demissão Voluntária) para quase 10% do seu quadro de funcionários (7.200 pessoas), contribuindo para a extinção de postos de trabalho em 2020.

Para o Sindicato dos Bancários de Bauru e Região, é revoltante que em apenas sete anos, os bancos tenham eliminado quase 80 mil postos de trabalho. Apesar da transformação tecnológica e digital estar em evidência, as instituições financeiras não funcionam sem os trabalhadores e esses desligamentos só têm prejudicado os bancários – que estão sobrecarregados com a alta demanda de trabalho e falta de funcionários para dividir justamente o serviço – e os clientes, que constantemente enfrentam filas enormes nas agências bancárias por conta dessa situação.

Se os desligamentos sem justa causa já geram revolta e indignação em anos comuns, onde os bancos lucram bilhões e não possuem motivo real para colocar no olho da rua tantos trabalhadores que batalharam para ajudar na conquista desses lucros, as demissões realizadas neste ano caótico de pandemia são completamente inadmissíveis e cruéis.

Por isso, o Sindicato ressalta que está na luta contra esses desligamentos e já ajuizou ações com pedido de suspensão das demissões e reintegração dos demitidos no período de pandemia.