Enquanto os trabalhadores amargam o desemprego, a fome, o alto preço dos alimentos, a redução de direitos e a grave crise sanitária instaurada no país diante da pandemia do novo coronavírus, os presidentes da República, do Senado e da Câmara fizeram as pazes.
O objetivo do acordo com os “antigos rivais” é avançar com a agenda de reformas capitaneada por Bolsonaro e Guedes que, se aprovada, beneficiará empresários e banqueiros e aprofundará ainda mais esse cenário de miséria vivida no país.
Agenda neoliberal
O presidente Bolsonaro vai propor a assinatura de um pacto pelas “macrorreformas”, que prevê a colaboração dos três Poderes para aprovar as reformas tributária e administrativa, a revisão do pacto federativo.
Além disso, todos defendem a manutenção do teto de gastos, que ataca o orçamento destinado aos serviços públicos, e assim garantir os intocáveis R$ 2,2 trilhões para pagamento da dívida pública, além de insistirem em indicar atacar BPC, PIS ou outros direitos de setores da classe.
As reformas preveem ainda a desoneração da folha de pagamento — para a alegria dos patrões; e um programa de renda básica para 2021, como substituto ao auxilio emergencial, benefício esse que já teve redução e hoje está em R$ 300 e vale apenas até dezembro.
Ao contrário de defender os direitos dos trabalhadores, os parlamentares seguem com o empurra-empurra sobre a aprovação da Medida Provisória 1.000/2020, que prorrogou o auxílio emergencial até dezembro, mas reduziu o valor pela metade. O Sindicato dos Bancários de Bauru e Região defende que aumentem o valor do auxílio para R$ 600 (e R$ 1.200 para as mães chefes de família) até dezembro.
Enviada ao Congresso no último dia 3, a MP teve mais de 260 propostas de emendas, a maioria sugerindo a elevação do valor, mas o governo Bolsonaro age nos bastidores junto a Rodrigo Maia e líderes partidários para que a MP não seja votada.
Como o prazo de validade da MP é de 120 dias, o mesmo previsto para a duração do pagamento dos R$ 300, o objetivo de Bolsonaro é não votar a medida, para não correr o risco de haver mudança no Congresso.
Para o Sindicato dos Bancários de Bauru e Região, é um absurdo que pessoas que se ofenderam mutuamente ao longo de quase dois anos só consigam se entender quando o assunto é a retirada de direitos dos trabalhadores. Hoje, no Brasil, mais da metade da população não tem emprego formal.